domingo, 3 de abril de 2011

Os telhados de vidro da energia nuclear

Já vão longas as semanas em que o tema ambiental central se trata do acidente nuclear em Fukushima. No início, observei expectante o desenrolar dos acontecimentos!(afinal de contas era do Japão que estávamos a falar, país com um "desenvolvimento nuclear" acima da média e com grande conhecimento do risco de sismos que assola o seu território)

Esperava do Japão, até pela sua cultura de rigor e rectidão, um controle minucioso dos riscos inerentes à exploração da energia nuclear. No entanto, fomos surpreendidos com uma resposta tremendamente mal preparada por parte das autoridades japonesas, denotando uma falta de um plano de emergências e de socorro em casos de calamidade como a que se vive actualmente.
O problema é que, se inicialmente, o foco da questão se centrava na incapacidade japonesa em responder aos desenvolvimentos do maior desastre nuclear desde Tchernobil, hoje a comunidade internacional começa a perceber a dimensão do calcanhar de Aquiles da energia nuclear, nomeadamente da estratégia do sarcófago de betão como o Eng. Pedro Sampaio denominou evidenciando os perigos da utilização das placas de betão nas centrais nucleares.
Hoje soubemos também que as águas subterrâneas de Fukushima estão contaminadas como podemos comprovar com esta notícia do Público http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1487735 o que nos leva a crer que este desastre não põe em causa só a continuação da exploração do nuclear no Japão mas em todo o Mundo. Já não se trata da proteção das gerações futuras mas da subsistência da geração presente que está a partir de agora ainda mais vulnerável, a confirmar-se a possibilidade de contaminação radioactiva das águas japonesas, com influência directa não só na ingestão de água como na actividade piscatória e no próprio turismo. (sentenciado desde o ínicio desta tragédia)
Em defesa do nuclear, o Presidente Francês Sarkozy já veio defender a criação de normas de segurança internacional de prevenção e combate a futuras catástrofes como esta, uniformizando legislação e unindo esforços para que não se repita a falta de soluções que aconteceu no Japão.

Mas não chega!
O debate sobre o nuclear tem de voltar à ordem do dia!

Têm de ser reavaliadas as soluções alternativas à energia nuclear e ponderar se será comportável sustentar um custo ambiental desta natureza de 30 em 30 anos!

Não será necessário voltar a discutir se os custos ambientais (e sociais) não são incomparavelmente superiores aos benefícios económicos da energia nuclear?

Não será necessário uma melhor fundamentação ecológica das decisões jurídicas que estão na base da implementação das centrais nucleares e da sua manutenção?

Não estará na hora de se realizar um estudo profundo sobre os riscos que as centrais nucleares espanholas podem causar a Portugal?

Eu considero que sim!
A defesa da energia nuclear não pode ficar a cargo de políticos mas sim de especialistas, não pode ser tratada com legislação internacional mas sim através de estudos de impacto ambiental e, finalmente, não pode ter como objectivo único os benefícios económicos sem olhar aos custos ambientais e, principalmente, aos custos sociais que as catástrofes nucleares já causaram.


É tempo de mudar de rumo...

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