sábado, 30 de abril de 2011

Central Nuclear de Almaraz

Como funciona a central nuclear de Almaraz?

A piscina de combustível. Cheia de água com ácido bórico, a piscina serve para depositar os resíduos de alta radioactividade quando há recargas de combustíveis nos reactores da central. Actualmente está a decorrer, até dia 17, a recarga da unidade 1. A recarga significa a substituição de um terço das 157 unidades de combustível. Tarefa que requer a contratação de mais 1500 trabalhadores durante um período que pode ir de 30 a 45 dias. As recargas de combustível são feitas todos os 18 meses, levando à paragem da actividade dessa unidade.

O cemitério nuclear. Nas piscinas há capacidade para resíduos de alta radioactividade até 2021, mas depois disso o Governo terá de decidir o que lhes fazer. Os resíduos de média e baixa radioactividade, que levam 300 anos a deixar de ser perigosos, são enviados para El Cabril, na serra Albarrana, em Córdoba. O combustível é colocado em bidões, dentro de cubos, que depois são tapados com terra. Quando sai da central, a energia vai a 21 mil volts, os transformadores aumentam-na depois para 400 mil. Os municípios voltam em seguida a baixar a tensão para levar a electricidade aos lares.

Os dois reactores. A tecnologia da central é americana (da empresa Westinghouse) e possui dois reactores de água pressurizada que funcionam com combustível de dióxido de urânio enriquecido. O recinto de contenção de cada reactor é cilíndrico e tem uma porta de cimento com metro e meio de espessura. 157 elementos de combustível é a sua capacidade individual e cada elemento é constituído por 256 varetas com quatro metros de altura. Cada vareta leva, de alto a baixo, várias pastilhas de urânio do tamanho de uma beata de cigarro.

A refrigeração. A central tem de ser refrigerada para funcionar bem e precisa em média de 90 mil litros de água por segundo. Foi, para isso, criada a represa de Arrocampo com água do rio Tejo. Esta água entra no sector terciário e nunca está em contacto com a água dos outros dois sectores anteriores. Assim, depois de usada, volta à represa, a 32 graus, mais dez do que tinha quando entrou. Ao ser devolvida é separada por umas placas térmicas que a obrigam a percorrer 25 quilómetros, para arrefecer, antes de poder voltar a entrar no rio Tejo.

O edifício das turbinas. Este ocupa 800 mil m2 de superfície e é onde estão as turbinas. Após ser feita a fusão do urânio a 300 graus centígrados no sector primário, há uma água que circula e é submetida a pressão para não evaporar e manter-se líquida. Já no circuito secundário, a água evapora e o seu vapor é transformado em energia mecânica, que faz trabalhar as turbinas. A seguir é preciso fazer o vapor voltar novamente ao estado líquido. E aí entra a refrigeração com água da represa.

A construção. A central nuclear de Almaraz começou a ser construída no ano de 1972. Os seus reactores, dois dos oito ainda em funcionamento em Espanha, começaram a operar em 1981 e em 1983. Gerida pela Endesa, Iberdrola e Unión Fenosa, produziu, em 2008, 16 mil milhões de kWh - 6,8% da electricidade gerada em Espanha e o suficiente para toda a área metropolitana de Madrid. A licença de funcionamento termina em Junho de 2010, mas pode ser renovada pelo Conselho de Segurança Nuclear. Emprega em permanência 800 pessoas.

Fonte – www.dn.pt

25 Anos após o Acidente de Chernobil

Quercus exige o encerramento de Almaraz e a aposta na poupança e em novas alternativas energéticas

No dia 26 de Abril faz 25 anos que ocorreu o acidente na central nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que em 1986 fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Já em 1979 tinha existido um acidente grave na central nuclear de Three Mile Island nos Estados Unidos da América, EUA, e neste momento ainda não se conhece a dimensão real do acidente da central nuclear de Fukoshima no Japão, sendo contudo já certo que este terá sido um dos mais graves da história. Temos assim os três maiores acidentes nucleares em três dos países mais avançados nas tecnologias da indústria nuclear e é importante pois, reflectir sobre os problemas de segurança inerentes a este tipo de centrais.

Energia nuclear contrária ao princípio da precaução
Em Portugal tem existido um consenso sobre a não construção de centrais nucleares - Há 35 anos atrás, a população de Ferrel marchou contra a construção da primeira central nuclear em Portugal e estabeleceu um marco na rejeição do nuclear. É importante que o nosso país continue a seguir o princípio da precaução. Este princípio, que está na base das estratégias e políticas do desenvolvimento sustentável, aconselha-nos a agir de maneira a evitar danos potencialmente catastróficos ou irreversíveis para o ambiente e para a saúde humana, ainda que não tenhamos todos os dados em cima da mesa para aferir a gravidade da situação. Em suma, o princípio da precaução leva-nos a agir antecipadamente quando existem sinais claros da possibilidade de ocorrência de um problema, ainda que não tenhamos toda a informação ou toda a certeza sobre o mesmo.

A opção pela fissão nuclear é contrária a este princípio e põe em causa a norma ética da equidade intra e inter-geracional, sendo que à luz dos actuais conhecimentos não é uma solução energética aceitável, quer do ponto de vista dos seus impactes no ambiente, quer na saúde humana.

Um ciclo pouco virtuoso
É fundamental olhar para o nuclear como um todo: os problemas estão no início do ciclo, nas explorações de urânio que causam problemas ambientais e de saúde graves em todo o mundo. Em Portugal várias décadas após o fim da exploração deste minério, sobretudo na zona centro do país, os problemas não foram completamente diagnosticados e por isso estão ainda longe de estar resolvidos. Existem mais de quarenta minas abandonadas que continuam a poluir a água e os solos e a afectar as populações vizinhas.

No final do ciclo também ainda não se conhece um destino estável e seguro a dar aos resíduos nucleares, que se mantêm potencialmente nocivos durante muitos anos, sendo que alguns elementos mantêm a sua radioactividade durante milhares de anos.

O fabrico de bombas atómicas e de armas contendo urânio está também intimamente associado à energia nuclear e é um perigo que continua a pairar sobre a humanidade e o planeta Terra, sendo urgente a eliminação de todo este tipo de armamento para um mundo de paz.

O marco dos 25 anos após Chernobil
Na semana dos 25 anos do acidente de Chernobil, a Quercus ANCN promove, em parceria com o MUNN, Movimento Urânio em Nisa Não (MUNN) e a AZU, Associação de Ambiente em Zonas Uraníferas, um debate sobre as alternativas ao nuclear, a exploração de urânio em Portugal e o encerramento das centrais nucleares em Espanha, especificamente a de Almaraz, junto ao Tejo, a 100km de Portugal, que já ultrapassou o período previsto de funcionamento e, não obstante, viu há alguns meses prolongado em 10 anos o seu período de actividade.

A iniciativa, que decorrerá no dia 29 de Abril, consistirá na exibição no cine-teatro de Nisa, pelas 21h00, do documentário “Energias sem fim”, sobre a situação das energias alternativas em Portugal, seguida de um debate. O debate contará com as presenças de:
- António Eloy, CEEETA, Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente
- António Minhoto, Presidente da AZU;
- Gabriela Tsukamoto, Presidente Município de Nisa;
- Nuno Sequeira, Presidente da Direcção Nacional da Quercus;
- Paca Blanco Diaz, Plataforma Antinuclear Cerrar Almaraz;
- Paco Castejón, especialista em energia nuclear;
- Paulo Bagulho, Movimento Urânio em Nisa Não.

As propostas da Quercus
Há muitos anos que a Quercus defende que a aposta deve ser na poupança energética e no uso mais eficiente da energia. Esta é a estratégia mais barata e mais rápida para atingir os objectivos desejados – diminuir a importação de petróleo, gás natural e carvão e reduzir a emissão de gases com efeito de estufa.

Em complemento é ainda fundamental apostar nas energias renováveis, as únicas que são inesgotáveis e gratuitas, bastando apenas desenvolver as tecnologias para as podermos aproveitar, com a vantagem de o podermos fazer de forma descentralizada.

Lisboa, 25 de Abril de 2011

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Fonte – www.quercus.pt

Cátia Oliveira Subturma 1 Nº 17237

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