terça-feira, 26 de abril de 2011

“A (suposta) Economia de Materiais”

Durante cerca de 10 anos, Annie Leonard estudou um pouco por todo o mundo de onde vêm as nossas coisas, e o que lhes acontece quando as deitamos fora.
            Num documentário de 20 minutos Annie Leonard explica o sistema de extracção, produção, distribuição, consumo e tratamento do lixo. Contudo, este sistema aparentemente simples e transparente é na realidade um sistema manipulado por empresas e políticos que escondem os seus verdadeiros objectivos: lucro e poder, através do consumo em massa.
            Annie começa por apresentar em que é que consiste o (suposto) Sistema da Economia de Materiais: Da extracção para a produção, para a distribuição, para o consumo, e para o tratamento do lixo. Após a sua investigação Annie, vem então dizer-nos que algo falta nesta explicação. Que algo mais está por detrás deste sistema de crise, isto é, deste sistema linear. Trata-se de um sistema de crise porque vivemos num planeta cujos recursos não são inesgotáveis, assim sendo, o planeta não tem capacidade de gerir um sistema, que por definição é infinito.
            O primeiro factor que Annie introduz no sistema são as pessoas. Estas interagem em todas as fases do sistema linear, sem as quais este não poderia existir.
            Começando pela extracção (exploração dos recursos naturais) encontramos aqui o primeiro problema: o esgotamento dos recursos naturais, derivado da sua constante exploração, que aumenta cada dia que passa…e quando um país já não possuí recursos para se “sustentar”, recorre aos chamados países de terceiro mundo esgotando assim também os recursos naturais destes países.
            De seguida temos a produção. As matérias-primas são misturadas com elementos tóxicos e são produzidos produtos também eles tóxicos, originando graves danos para a saúde e para o ambiente, através das variadas formas de poluição.
            Após a produção, os produtos são distribuídos. Na distribuição, os produtos devem ser vendidos o mais rapidamente que possível. Para que tal aconteça, os bens são vendidos a um preço baixo – Exteriorização de Custos – não correspondendo o custo real da produção ao custo reflectido no preço final.
            Esta conclusão leva-nos à próxima fase: O Consumo. A fase mais importante do sistema. A grande maioria dos produtos são produzidos para terem uma durabilidade reduzida, implicando assim uma constante substituição dos bens. Este pensamento surgiu pouco depois da 2ª Guerra Mundial. Os Estados Unidos viram no consumo a forma ideal para impulsionar a economia. Assim, nas palavras de um analista de vendas:
Our enormously productive economy…
Demands that we make consumption
Our way of life. That we convert
The buying and use of goods into
Rituals. That we seek our spiritual
Satisfaction, our ego satisfaction in
Consumption. We need things
Consumed, burned up, replaced and
Discarded at an ever-accelerating rate”

Para incutir este espírito de consumo, foram criadas duas vias: a obsolescência planeada – traduzida no pensamento “bem criado para ser deitado fora”. Esta via cria um consumo constante através do descontentamento do consumidor, de forma que este substitua os produtos que deixem de funcionar, por novos, havendo assim uma constante substituição por produtos mais recentes; e a obsolescência perceptiva – que nos convence a deitar fora bens que ainda têm utilidade. Assim, estes bens são substituídos por outros, devido ao seu aspecto mais moderno ou devido às suas alterações funcionais (ex: computador, telemóveis, etc.). Esta substituição é constantemente associada a o valor da pessoa na sociedade, derivada na maioria das vezes da publicidade (um exemplo clássico desta via é a moda).    
Este ritmo alucinante de consumo conduz-nos à última fase do sistema: O Tratamento do Lixo. Este tratamento é principalmente realizado de duas maneiras: através da criação de aterros, ou, através da inceneração. Ambos poluem gravemente o ambiente através da contaminação do ar, do solos e das águas, sendo a suas principais consequências ambientais, as alterações climáticas e a destruição da camada de ozono a médio-longo prazo.
            Em conclusão, este documentário apresenta os efeitos desta era de consumismo, em que vivemos, sendo a sua principal consequência, a destruição precoce do planeta, através do esgotamento de recursos, e, através dos elevados níveis de poluição oriundos da produção em massa de bens de consumo. O consumo é o ponto central deste problema, pois esta sociedade “do usar e deitar fora” é o reflexo de uma comunidade que ainda não está suficientemente consciencializada dos perigos e efeitos, que as suas acções provocam quer no ambiente, quer na sua qualidade de vida e bem-estar.

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