terça-feira, 3 de maio de 2011

O clima e as suas alterações

Quando falamos em alterações climáticas, é necessário termos em conta que elas ocorrem relativamente a um certo padrão que se vinha registando; é como se se verificasse uma mudança de paradigma a nível climático. Nestes casos surge sempre a questão acerca da origem de tais eventos - terão as alterações climáticas sido provocadas por causas naturais, ou serão influenciadas por causas humanas? Esta é a grande interrogação que se nos depara em tais ocasiões. As alterações do clima inserem-se dentro de uma questão de maior dimensão, o aquecimento global, tema badalado nos nossos dias.

A propósito deste tema, pensei que uma das melhores formas de o ilustrar seria analisando um fenómeno natural que, no ano passado, por alturas de Julho, foi notícia um pouco por todo o mundo, e que é sintomático desta temática das alterações climáticas. Para aqueles que não se recordam, a Rússia, superpotência mundial, foi assolada, nessa época do ano, por uma intensa onda de calor que durou cerca de quinze dias. É conhecido de todos nós o rigor do inverno de leste, ao qual inclusive sucumbiu o exército napoleónico no séc. XIX. Porém, no ano de 2010, registou-se algo sem precedentes durante os mil anos de história deste país, como afirmou Alexander Frolov, director dos serviços meteorológicos russos. Durante este período em que se fez sentir a vaga de calor, os termómetros registaram valores
muito acima da média, entre os 35 e os 45 graus célsius, e, uma nuvem espessa e escura que tornava o ar irrespirável, apoderou-se da já poluída atmosfera da capital russa, Moscovo. Morreram cerca de 2000 pessoas, o rendimento agrícola dos cereais desceu 40%, precipitando o preço dos produtos, e largas áreas agrícolas foram dizimadas por incêndios devastadores. Durante a catástrofe, especulou-se que o aumento de gases com efeito de estufa na atmosfera poderia estar na origem deste fenómeno, pois o país tem uma das taxas de emissão de carbono mais altas do mundo. Porém, o estudo de uma equipa de investigação dos Estados Unidos aponta para outra direcção, vendo na origem desta catástrofe causas naturais, desencadeadas por mudanças climáticas que aceleram gradualmente o aquecimento do planeta.


É em países industrializados, como a Rússia, que se verificam as maiores taxas de emissão de dióxido de carbono. Não passará parte da solução por uma maior restrição às quotas de poluição de cada país, como pretendido pela Conferência de Copenhaga?

Estaremos nós a assistir a uma mudança de conceitos a nível de clima, no sentido em que aquilo que ainda hoje é considerado ''anormal'' poderá amanhã vir a ser considerado ''normal'', dada a cada vez maior recorrência de fenómenos como o acima referido?


Rodrigo Sousa Mendes, nº16849, subturma 9

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