sábado, 21 de maio de 2011

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«Combate às alterações climáticas exige envolvimento do poder
14 MAI 11 às 22:04
Uma investigadora defendeu, em Coimbra, a necessidade de envolver o poder local e regional nas medidas para diminuir as emissões de CO2 para a atmosfera e travar as alterações climáticas.
«As acções têm de estar perto das pessoas. Deve ser o poder local e regional a contribuir para essas medidas», preconizou Cristina Rodrigues, investigadora do Manchester Institut for Research and Innovation in Art and Design (MIRIAD), ao frisar que as alterações climáticas «afectam o quotidiano das pessoas».
A investigadora deste instituto da Manchester Metropolitan University foi uma das oradoras num seminário sobre "Natureza quanto custa?", que decorreu hoje no Centro de Interpretação do Sistema Espeleológico do Dueça, nas Ferrarias.
Dando o exemplo da «desertificação humana e do solo», fenómeno ligado às alterações climáticas, Cristina Rodrigues disse que uma das formas de a combater é elaborar planos estratégicos de desenvolvimento rural, capazes de criar «estratégias que fixem as pessoas», suscitando a diversidade vegetal e o ressurgimento da agricultura.
Segundo a investigadora, «dois terços do país está em vias de desertificação» e Portugal é o terceiro país mais desertificado da Europa.»
In TSF Notícias

Um dos momentos que revolucionaram o mundo, não apenas perante o seu lado técnico, mas também perante o lado social, foi a revolução industrial (vista de uma maneira unitária). A partir do momento em que se começou a industrializar as diversas componentes da vida em sociedade, ocorreram outras modificações substanciais nos mais diversos parâmetros na vida das pessoas.
            Um dos efeitos mais perversos da revolução supra referida foi o êxodo rural que se iniciou de forma bastante violenta. Ou seja, a partir do momento em que se começou a perspectivar melhores condições de vida, nomeadamente monetárias, nas envolventes das novas fábricas, as pessoas começaram-se mover para esses centros, criando o que hoje chamamos, os “grandes centros urbanos”. Cedo se verificou uma contínua desertificação dos meios em que perduravam os métodos mais antigos, tal como a agricultura. Em Portugal, zonas como o interior, tanto no Norte como no Sul, começaram a ficar desertas. As pessoas procuravam melhores condições de vida, que apenas pensavam obter junto dos grandes centros urbanos. Em consequência, os grandes centros urbanos, as grandes cidades, começaram numa espiral de poluição – não apenas das fábricas, mas, também, pelos novos desenvolvimentos criados pelo Homem. Hoje em dia, como é do conhecimento comum, as grandes cidades sugam todo o ar. Factores como a utilização corrente dos carros próprios como único meio de transporte, aliados à forte construção sem um mínimo de planeamento urbano – principalmente nos anos ’70 e ’80 –, levaram a que as cidades passassem a ser cubículos irrespiráveis. Não é à toa que as crianças ao desenharem as cidades, estas tenham sempre uma grande nuvem cinzenta a fazer de céu.
Ora, é exactamente neste ponto que o poder local pode actuar de modo mais visível. Nos grandes centros europeus, os centros das cidades encontram-se interditos aos veículos automóveis de não residentes. Esta medida leva a que as pessoas utilizem, desde logo, os transportes públicos, de modo a que não necessitem de estar constantemente preocupadas com os lugares em que não podem levar os carros. Claro que neste caso, o poder local tem que criar, primeiramente, infra-estruturas que lhe permitam suportar o grande afluxo pessoal aos transportes públicos.
É através deste género de medidas, que devem de ser implantadas pelo poder local, e não pelo poder estadual (até porque se deve de atender às necessidades de cada localidade), que se conseguirá, de modo duradouro, despoluir os grandes centros urbanos, levando que os efeitos das alterações climáticas não sejam tão nefastos.
Em conclusão, é através de actuações do poder local que se conseguirá obter alguma estratégia de combate às alterações climáticas. Mas estas decisões, apesar de tomadas localmente, devem ser concertadas, porque não estamos apenas a falar dos grandes centros urbanos, mas também das zonas mais desertificadas do país. Será apenas através de um esforço contínuo e combinado que se poderá actuar de um modo mais reforçado. Se por um lado, as políticas dos centros urbanos sejam de despoluir, nomeadamente, levando a que as pessoas utilizem outros meios de transporte, as políticas das zonas mais desertificadas devem de passar pelo chamamento de população, através da criação de infra-estruturas, e da rentabilização de actividades económicas que se perderam devido ao pouco investimento feito, nomeadamente, a agricultura.

Joana Abrantes, N.º 17349

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