sábado, 21 de maio de 2011

O Impacto Ambiental das Energias Renováveis

1.Generalidades

Classifica-se uma fonte de energia como renovável quando não é possível estabelecer um fim temporal para a sua utilização, como a radiação emitida pelo sol, a energia do vento, das marés ou dos cursos de água. As energias renováveis são virtualmente infindáveis apesar de serem limitadas em termos da quantidade de energia que é possível extrair em cada momento.

Ao ritmo que cresce o consumo de energia proveniente de fontes não renováveis, e tendo em conta do aumento previsto a curto/médio prazo, colocam-se dois importantes problemas: questões de ordem ambiental e ainda o facto de os recursos energéticos fósseis serem finitos.

As fontes de energia renováveis são já consideradas uma alternativa às não renováveis. Num país como Portugal, que não dispõe de recursos energéticos fósseis, o aproveitamento das fontes de energia renováveis deveria ser um dos objectivos primordiais da política energética nacional.

2.Sector das energias renováveis em Portugal

Em 2009, os Sectores Nacionais de Energias Renováveis representaram aproximadamente metade do total da Capacidade Eléctrica Instalada. Entre 2005 e 2009, a Capacidade Instalada de Energias Renováveis registou um crescimento médio anual de cerca 10%.

A energia eólica contribuiu perto de 90% para o aumento da capacidade instalada das energias renováveis, reflectindo a importância que este sector tem vindo a assumir na evolução das energias renováveis em Portugal. Adicionalmente, destaca-se o crescimento da energia solar fotovoltaica, devido ao início do funcionamento das centrais de grande dimensão para produção de electricidade.

O norte e centro do país são as regiões com maior capacidade instalada em energias renováveis. Estas zonas apresentam a maior concentração nacional de exploração de fontes de energia renovável, particularmente das fontes de energia hídrica e eólica, devido à maior disponibilidade de recurso. No sul há melhores condições para o uso de painéis fotovoltaicos, devido à maior exposição solar existente nesta área

A Produção Nacional de Electricidade com base em Fontes Renováveis apresenta valores correspondentes a uma taxa de crescimento médio de quase 10% por ano e entre 2005 e 2009, a produção das energias renováveis nacionais registou um crescimento médio superior ao verificado no resto do mundo.

A nível mundial, apesar de ter uma representação bastante reduzida, Portugal tem ampliado a sua importância referente aos valores registados em anos anteriores. No espaço da União Europeia, Portugal aparece como um parceiro relevante no sector das energias renováveis, tendo-se posicionado em 2009 como o 4º país com maior peso de fontes de energia renovável no consumo eléctrico nacional.

A Política Energética de Portugal antevê metas ambiciosas para as Energias Renováveis a atingir nos próximos anos. As estimativas de progresso da capacidade do equipamento instalado em Portugal continuam a perspectivar um desenvolvimento significativo do sector, sendo expectável um crescimento médio anual na ordem de 8% nos próximos anos.

Apesar de um possível aumento da energia solar fotovoltaica, prevê-se que as fontes de energia hídrica e eólica manter-se-ão as principais produtoras de electricidade no âmbito das energias renováveis.

3.Impacto ambiental

A produção de electricidade por uso de fontes renováveis permite evitar emissões de gases nocivos ao meio ambiente!

No nosso País, a geração de electricidade é responsável por cerca de um terço das emissões de dióxido de carbono, sendo o sector dos transportes o seu grande responsável, com um peso de quase 35% do total emitido para a atmosfera.

Recentemente, verificou-se um aumento da produção de electricidade a partir de fontes de energia renováveis que se tem revelado benéfica para o meio ambiente, pois permite a substituição das fontes poluentes na produção de electricidade.

Entre 2005 e 2009, foram evitadas emissões de mais de 30 milhões de toneladas de gases nocivos para o Ambiente, sendo as energias hídrica e eólica, as principais fontes de energia responsáveis por estes valores, correspondendo conjuntamente em 2009 a 90% do total de gases evitados. Em 2015, é expectável que esta preponderância decresça para 85% devido ao desenvolvimento esperado nomeadamente para a energia solar fotovoltaica.

A substituição das Fontes Poluentes na Produção de Electricidade permitirá a aproximação às metas de Quioto.

No âmbito do Protocolo de Quioto, Portugal tem como meta para 2012 a redução da emissão de gases com efeito de estufa de pelo menos 8% face aos níveis de 1990, o que significa emitir, no limite, aproximadamente 77 milhões de toneladas equivalentes de CO2. Em 2009, Portugal excedeu este limite, emitindo cerca de 80 milhões de toneladas equivalentes de CO2.

4.Impacto económico e na dependência energética

Estima-se que a substituição das fontes poluentes na produção eléctrica representará uma Poupança de 430 milhões de euros em 2015. Em 2009, o custo de emissão para a atmosfera por tonelada de CO2 atingiu valores de 22€/ton.

Tendo em conta este custo de emissão, a produção de electricidade através de fontes renováveis traduz-se numa redução dos custos financeiros para o país. Em 2009 as energias renováveis significaram uma poupança de 195 milhões de euros decorrente da não emissão de CO2, sendo esperado que em 2015 esta poupança atinja valores de cerca de 430 milhões de euros2.

As Energias Renováveis têm contribuído positivamente para a Balança Comercial e para reduzir a Dependência Externa.

A Produção de Energia Renovável contribuiu para reduzir as importações de Carvão, Fuelóleo, Gás Natural e Electricidade

Não obstante o facto das importações de energia eléctrica e combustíveis fósseis apresentarem um peso significativo no consumo de energia eléctrica em Portugal, o sector das energias renováveis tem contribuído de forma substancial para a redução do seu impacto, garantindo um abrandamento nas importações de energia e combustíveis fósseis.

O volume de importações evitadas entre 2005 e 2015 é explicado em parte pelo desenvolvimento da exploração das fontes de energia renováveis em Portugal e pelo seu crescimento estimado até 2015.

Em 2009, a Produção de Energia a partir de renováveis evitou custos de importação superiores a 1.200 milhões de euros! Durante o ano de 2009, ao prevenirem-se importações de combustíveis fósseis e energia eléctrica equivalentes a 21.000 GWh, foram evitados custos com importações de fuelóleo, energia eléctrica, gás natural e carvão de cerca de 1.270 milhões de euros. Em 2015 e como resultado do incremento expectável na produção de energia eléctrica a partir de fontes de energia renováveis, é expectável que estes valores aumentem cerca de 50% face a 2009, atingindo os 1.900 milhões de euros.

Contabilizando os valores acumulados, estima-se que entre 2005 e 2009 tenham sido evitados custos de importações na ordem dos 3.300 milhões de euros. Em 2015, o valor acumulado desde 2009 atingirá 9.800 milhões de euros.

A maior proporção dos custos evitados com Importações deve-se ao Gás Natural e ao Carvão. A evolução estimada do conjunto de importações de combustíveis fósseis e electricidade revela um maior foco no gás natural, sendo reduzidas as importações de fuelóleo e energia eléctrica.

5.Conclusão

O sector de energias renováveis é actualmente um sector de relevo no país, contribuindo para o cumprimento de objectivos estabelecidos no âmbito das políticas energética e ambiental, para o crescimento do PIB nacional e para a criação de emprego.

Em Portugal, o sector das energias renováveis concentra-se predominantemente através das fontes de energia hídrica, eólica e biomassa, existindo também centrais, embora de menor relevo, nos sectores da energia solar fotovoltaica, biogás, geotérmica e ondas.

Nos últimos anos, o sector nacional das energias renováveis registou níveis de crescimento consideráveis, estimando-se que estes se mantenham nos próximos anos.

Em 2008, Portugal esteve entre os países da União Europeia cujo peso das energias renováveis no total da electricidade consumida foi mais elevado, correspondendo no caso português esta proporção a 38% do consumo nacional de energia eléctrica. O crescimento previsto até 2015 será consubstanciado principalmente pela fonte de energia renovável eólica.

De acordo com a análise realizada, a contribuição directa do sector das energias renováveis para o PIB Nacional em 2009 foi de 1.100 milhões de euros, estimando-se que em 2015 atinja o valor de 2.220 milhões de euros, equivalente a um crescimento de aproximadamente 100% entre 2008 e 2015.

Acrescendo a este significativo impacto, em 2009, o sector de energias renováveis contribuiu indirectamente com 990 milhões de euros para o PIB nacional, perspectivando-se que este valor aumente em 2015 para 1.900 milhões de euros.

Globalmente, em 2009, o sector de energias renováveis contribuiu de forma directa e indirecta com cerca de 2.090 milhões de euros, representando 1,3% do PIB nacional, estimando-se que em 2015 este valor aumente para 2,4%.

De acordo com a análise efectuada, estima-se que em 2009 o sector das energias renováveis tenha representado cerca de 36.100 empregos, dos quais cerca de 2.400 correspondem a empregos directos e 33.700 a empregos indirectos. Até 2015, estima-se que o número de empregos relacionados directa e indirectamente com o sector de energias renováveis aumente para mais de 60.000, correspondendo a um aumento acumulado de cerca de 25.000 empregos.

O sector das energias renováveis representa um posicionamento relevante na redução de emissões de gases de efeito de estufa. Em 2009, o sector permitiu evitar cerca de 9 milhões de toneladas de CO2, tendo sido evitados custos financeiros superiores a 190 milhões de euros. Em 2015, estima-se que este montante ascenda a cerca de 430 milhões de euros, correspondendo a uma poupança acumulada de cerca de 1.700 milhões de euros entre 2008 e 2015.

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