sábado, 21 de maio de 2011

Casas “Verdes”


A construção civil é uma das áreas mais fulcrais para o desenvolvimento e conforto humano, mas também é a industria que mais modifica a paisagem natural e mais recursos naturais consome no planeta. Torna-se imperativo repensar os processos de edificação, procurando formas mais eficientes e reduzindo os custos ambientais da construção.

O conceito de construção sustentável, ou de casa verde (green houses) surgiu nos anos 70, como consequência e resposta à crise petrolífera. O crash dos combustíveis fósseis alertou para o facto da sua sustentabilidade e abundância ser muito do menor do que aquela que na realidade se pensava que seria. Iniciava-se assim um processo que impunha uma mudança de paradigma no uso da energia.
Aliar a ideia de construção e de sustentabilidade, arranjando um ponto de convergência e equilíbrio entre os dois vectores, terá que passar por uma valorização da protecção do meio ambiente sem nunca descurando a habitabilidade, o preço e o conforto dos habitantes de uma casa sustentável.
Uma casa verde terá que ser arquitectada tendo em conta o seu meio ambiente, a paisagem circundante, construída com recursos obtidos de uma forma renovável e o mais localmente possível ( de modo a evitar gastos energéticos de transporte desnecessários). A utilização de materiais reciclados (entulho de casas demolidas pode ser reciclado, evitando uma sobre-exploração nas pedreiras) apresenta-se como uma boa hipótese de obter material de construção a um custo muito baixo, material esse que acaba muitas vezes desperdiçado em aterros. As fontes renováveis como a madeira são também uma boa hipótese, desde que temperadas no seu custo com uma taxa de reflorestação, de preferência por espécies autocnes. Numa nova construção sustentável, não deverão ser utilizados produtos ou tintas que aquando o final de vida da habitação, não permitam novamente a reutilização ou reciclagem dos materiais para outros fins.
A obra deverá ser executada tendo em mente terá uma longa esperança de vida, de modo a que toda a pegada de carbono causada na construção seja espraiada durante um número significativo de anos. Uma política menos intensiva de construção facilita a absorção da pegada ecológica pelo meio ambiente, uma vez que se divide uma menor quantidade de dióxido de carbono ( devido a uma construção mais ecológica) por um maior número de anos.

A pegada de carbono de uma edificação não se dá após o terminus da sua construção. Uma vez construída, terão que ser alterados os padrões de consumo energético, de gestão dos desperdícios gerados e da água consumida.

Verdes técnicas

  • O Isolamento do exterior reduz significativamente o custo de aquecimento ou arrefecimento de uma construção, evitando gastos energéticos desnecessários e reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Algumas soluções passam substituição das janelas por vidros duplos e caixilhos de corte térmico, isolamento de portas e isolamento de sótãos. Com menores perdas energéticas, o aquecimento de uma habitação e de águas para banhos pode ser entregue a uma instalação de painéis solares térmicos. Deste modo, a energia térmica do sol é aproveitada sem qualquer custo para além do investimento inicial.
  • O consumo energético deverá também ser reduzido, optando por aparelhos de menor gasto.
    Existem soluções que permitem que a electricidade seja produzida na edificação ou de fontes próximas e renováveis, sendo que a micro-geração energética (com painéis solares, mini eólicas ou mini hídricas) é uma opção cada vez mais popular em Portugal.
    Os painéis solares fotovoltaicos, de uma índole distinta dos térmicos, produção de energia eléctrica, que poderá ser utilizada directamente na altura da sua produção, armazenada em baterias para o uso nocturno ou inserida na rede energética nacional.
    As capacidades solares não se encontram ainda esgotadas, uma vez que podem ainda ser aproveitadas de um modo simples na iluminação, utilizando grandes clarabóias ou janelas em instalações fabris ou mesmo casas.
  • O consumo de água pode ser reduzido se simples hábitos forem alterados: um duche ao invés de um banho de imersão, autoclismos e torneiras de poupança de água, electrodomésticos de lavagem de roupa e louça com programas económicos, certas condutas deverão ser sancionadas, tal como a rega de jardins diurna. Nas edificações podem ser construídas cisternas de captação de água da chuva que apesar de não servir para consumo humano é utilizada para o uso em autoclismos e em instalações de rega.

  • A compostagem (processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica resultante de restos de comida ou do jardim, num material rico em nutrientes bom para adubar o solo) é uma forma de reciclagem natural ao alcance de todos que evita o transporte de resíduos e visa o aproveitamento dos mesmos.



Nesta breve exposição fica patente que é necessário alterar os paradigmas da construção e arquitectura, mudança essa realizável através da imposição legal de padrões de construção ecológica e sustentável. Porém, a maior mudança e temo que a mais difícil, será a mudança de hábitos e padrões de consumo, num processo gradual de adaptação à nova realidade ecológica e na nossa maneira de encarar as nossas edificações

Daniel Reis
A-2
17246 

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