sábado, 21 de maio de 2011

Pesca de Atum nos Açores é a Mais Sustentável do Mundo

A organização ambientalista Greenpeace distinguiu a marca conserveira açoriana Santa Catarina pelo atum comercializado. A Greenpeace classifica o atum desta marca como o "mais sustentável do mundo", devido à forma como é capturado, através do sistema "salto e vara", adianta a agência Lusa.

A pesca do atum utilizado nestas conservas é feita por três embarcações da conserveira Santa Catarina, em São Jorge (Açores). Cerca de seis dezenas de pescadores, efetuam a captura da espécie através do sistema de 'salto e vara' (pesca à linha), o que garante que "não há depredação das espécies", em particular da espécie de atum "bonito", que é o mais capturado.

A pesca de “salto e vara”, é efetuada por membros da tripulação mais experientes que com a ajuda de binóculos, procuram por indícios da possível presença de atum, tais como, aves marinhas alimentando-se. Após a identificação do cardume o barco aproxima-se e desliga o motor ligando o chuveiro de água que simula o movimento em fuga de pequenos peixes pelágicos na superfície da água do mar.

Os pescadores atraem o cardume ao lançarem isco vivo para o mar e procedem à captura do atum de forma extremamente seletiva. A Greenpeace considera que o método de pesca com vara e linha não agride o meio ambiente e é altamente sustentável. A técnica mais utilizada na pesca do atum é o cerco dos cardumes com redes, acabando sempre por capturar ou ferir outras espécies marinhas, na sua maior parte golfinhos.

"É um prémio importante porque, num mundo onde a concorrência é cada vez maior, arranjamos maneira de ver valorizado e publicitado o nosso produto", afirmou Pedro Pessanha, administrador da conserveira, em declarações à Lusa.


Fonte: http://www.boasnoticias.pt/noticias_Atum-pesca-dos-A%C3%A7ores-%C3%A9-a-mais-sustent%C3%A1vel-do-mundo_6686.html






As pressões sobre o sector da pesca durante a última década do século XX, tais como, a exploração excessiva e o crescimento do recrutamento de pesca, levaram à perda de significativo potencial de rendimento das espécies marinhas. Estes procedimentos conduziram os recursos marinhos ao ponto de perderem a sua biodiversidade e resiliência às flutuações ambientais, sendo necessário o desenvolvimento de novas estratégias e técnicas para atingir a sustentabilidade da pesca, assim como, novas leis de conservação e políticas apropriadas.

Novas áreas protegidas foram estabelecidas e o mundo assumiu e reconheceu o real valor económico relacionado com o aproveitamento dos ecossistemas marinhos. Alguns países começaram a promover programas educacionais inovadores das partes interessadas e público em geral, realizando programas de certificação novos e independentes para a sustentabilidade das pescas.

A pesca do atum é uma das actividades de pesca mais criticadas principalmente por causa das técnicas e das artes de pesca utilizadas no mundo inteiro, além disso existe o problema da exploração excessiva.

Os cetáceos (ordem de animais marinhos pertencentes à classe dos mamíferos) são frequentemente associadas com os cardumes de atum e os navios de pesca exploram essa associação através da procura de grupos de golfinhos. Ao cercar o grupo, com redes para a captura do atum que está por debaixo, na maioria das vezes vão ferir ou matar golfinhos. A indignação e protestos da população em geral, obrigaram a métodos mais "amigos do golfinho", envolvendo na sua maioria a utilização de linhas em vez de redes. Estas práticas de pesca mais amigáveis causaram um maior número de pesca de espécies acessórias (“bycatch”), incluindo tartarugas, tubarões, outros peixes oceânicos e aves.

O arquipélago dos Açores é constituído por um grupo de nove ilhas vulcânicas e muitas pequenas ilhas no Oceano Atlântico Nordeste. Desde 1998 que a pesca do atum nos Açores é certificada como "Dolphin Safe" e desde 2001 certificada como "Friend of the Sea" sendo a primeira pesca de atum no mundo a receber este tipo de certificação.

Em resumo, isso significa que é uma actividade de pesca extremamente selectiva, que não agride o meio ambiente e sustentável. Apesar de todas as novas tecnologias de pesca e métodos avançados que são usados em todo o mundo, a pesca do atum nos Açores ainda opera com vara e linha sendo denominada pesca de “Salto e Vara”, uma verdadeira pesca selectiva e sustentável.

A pesca de “salto e vara”, depende da capacidade dos pescadores para a detecção e captura de atum. Membros da tripulação mais experientes, com a ajuda de binóculos, procuram por indícios da possível presença de atum, tais como, aves marinhas alimentando-se, cetáceos, destroços, etc. Após a identificação positiva o barco aproxima-se do cardume e desliga o motor ligando o chuveiro de água que simula o movimento em fuga de pequenos peixes pelágicos na superfície da água do mar, ao mesmo tempo que esconde os pescadores do ângulo de visão do atum.

O tineiro começa a jogar isco vivo para o mar de modo a atrair o cardume para perto do navio e, dependendo da fome do atum o evento de pesca pode ser muito rentável para estes homens. Diferentes espécies de atum estão presentes na ZEE dos Açores durante os meses de verão, sendo as espécies de atum mais capturadas o atum Patudo (Thunnus obesus), o Voador (T. alalunga) e o Gaiado/Bonito (Katsuwonus pelamis). As duas primeiras espécies são capturadas durante os meses de Abril a Junho, enquanto o gaiado normalmente é capturado a partir de Junho a Outubro. O galha-a-ré (T. albacares) e de atum rabilho (T. thynnus) também estão presentes nos Açores a partir de Abril a Outubro, podendo mesmo ser considerado este arquipélago como um magnífico ecossistema para o atum em migração.

A biodiversidade marinha é tão importante como a terrestre havendo a mesma necessidade de a proteger, não só porque esta representa uma grande parcela na nossa alimentação, mas também porque a saúde do planeta depende da saúde dos ecossistemas marinhos.

Indubitavelmente este é um óptimo exemplo de que a pesca pode ser feita de forma sustentável - tanto a nível ambiental como económico - garantindo, ao mesmo tempo, a satisfação das necessidades alimentares da população.


Frederico Falcão, Subturma 8, N.º 15998

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