sexta-feira, 20 de maio de 2011

Os adubos e a poluição do solo

O solo pode ser definido como a camada superficial da Terra, substrato essencial para a biosfera terrestre, que desempenha as funções de suporte e fonte de nutrientes paraa vegetação e, como tal, constitui a base de toda a cadeia alimentar (Relatório do Estado do Ambiente, 1999). É por esta razão que tudo o que nele se pratica deve ser controlado de modo a que, daqui a uns anos, a Terra não seja totalmente improdutiva, pois a estrutura do solo depende do tratamento que recebe e a sua adequação reflecte-se na produtividade das culturas agrícolas e na longevidade da sua bioestrutura.

Tudo o que provoca alteração no solo, a curto ou longo prazo, que não seja realizado de modo consciente e controlado é uma fonte de poluição deste. O abuso da utilização de fertilizantes é uma dessas fontes. Com a diminuição da aplicação de fertilizantes, pode haver melhorias no que diz respeito à poluição. No entanto, os efeitos das más utilizações de anos anteriores começam agora a surgir.
Diz-se que um local está contaminado quando a concentração de uma substância (o contaminante) é superior ao que seria de esperar, sem que no entanto esta cause necessariamente danos. Se tiver consequências negativas para algum organismo a substância é designada por poluente. A contaminação (ou poluição) pode ter origem:

1. Pontual ou tópica: Fábricas, lixeiras, etc.
2. Difusa: Proveniente da actividade agrícola, deposição de gases atmosféricos,
etc.
Cruzando o uso de fertilizantes com a poluição do solo, estes podem afectar a sua produtividade e fertilidade através de 3 aspectos:

1. Físicos: Processos menos frequentes, mas mais graves sendo raramente reversíveis ou mesmo irreversíveis.
a. A acção dos fertilizantes poderá conduzir ao aumento da erosão do solo, podendo torná-lo inviável ao cultivo;
b. A deterioração da estrutura (que também pode contribuir para a erosão) resulta da acumulação de elementos que promovem a desfloculação dos colóides (não dispersão das partículas de argila após
um choque, formando aglomerados).

2. Químicos: Mais comuns e fáceis de contornar.
a.Salinização secundária: Aumento da pressão osmótica do solo, dificultando a absorção dos nutrientes por parte das plantas. Mais provocada por adubos azotados e potássicos.
b. Desequilíbrios nutritivos: Provocados por adição de quantidades acima ou abaixo das necessárias ou então estão associados à salinidade, por haver dificuldade na absorção de nutrientes.
c. Modificações da reacção do solo: Aplicação sistemática de adubos com reacção fisiológica –alcalinizantes ou acidificantes – e abuso da utilização de correctivos minerais.
d.Acumulação de micronutrientes e metais pesados: Provocam diminuição da quantidade de produção e da sanidade desta. Os micronutrientes são necessários em pequenas quantidades, tornandose facilmente tóxicos para as culturas, assim como os metais pesados quando se apresentam em excesso.

3. Bióticos:
a. Proliferação de pragas e doenças;
b. Redução da actividade de microorganismos: Afecta o desenvolvimento normal das nitrobactérias e sulfobactérias e, consequentemente, do pH do solo.

A própria água de rega, actuando como fertilizante, pode contribuir para a poluição do solo caso contenha elementos acima do aceitável, nomeadamente: sódio (provoca salinização), alguns micronutrientes, azoto nítrico, boro, sólidos suspensos, etc.

Outro problema que pode ser intensificado pela poluição do solo através do uso de fertilizantes é o das chuvas ácidas (ou deposição acídica) que corresponde à deposição de partículas sólidas ou à precipitação (chuva, neve, granizo, etc.), de natureza acídica. As causas primárias das chuvas ácidas são as emissões de óxidos de azoto, intensificadas por elevadas doses de adubos azotados que libertam o azoto em forma de gás para a atmosfera, e enxofre provenientes sobretudo dos combustíveis fósseis. As chuvas ácidas afectam a saúde animal e humana, corroem edifícios, danificam a vegetação, e acidificam os solos e os sistemas aquáticos.

Como método de combate à poluição dos solos, temos a remediação. A remediação do solo envolve todos os métodos e processos destinados a tratar os contaminantes presentes no solo de modo a contê-los, removê-los, degradá-los, ou torná-los menos prejudiciais.

Bibliografia
• Mortvedt, J.J. 1996. Heavy metals contaminants in inorganic and organic fertilizers, Fertilizers
and environment: 5-11, Colorado State University, Fort Collins, USA
• Santos, J. Q. 2001. Fertilização & Ambiente, Publicações Europa- América, Mem Martins, 262
pp
• Wild, Allan. 1993, Soils and environment: An introduction, Cambridge University Press,
Melbourne, Austrália

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