segunda-feira, 28 de março de 2011

Olhando por debaixo da superfície: quão boa é a nossa água?

A Água é essencial para a vida, e é fundamental para praticamente todas as actividades económicas, incluindo a produção de comida e a indústria. A água limpa não só é um pré-requisito para a saúde e bem-estar humano como também providencia habitats aquáticos que suportam saudáveis ecossistemas de água doce.

Os decisores políticos europeus introduziram uma abrangente legislação para proteger os nossos recursos de água doce. O mais notável é a Directiva Quadro no Domínio da Água (Water Framework Directive), que é a parte mais importante da legislação comunitária no que concerne à qualidade das águas costeiras. O principal objectivo desta directiva é conseguir “bom status” (quer ecológico, quer químico) para todas as águas à superfície até ao ano de 2015.

No entanto, nem tudo são rosas: má qualidade da água, escassez de água e modificações físicas podem impedir uma grande parte das águas europeias de atingir o tão desejado “bom status” até 2015.

As principais fontes poluidoras são a agricultura e o ambiente urbano

A poluição proveniente da agricultura continua a ser uma das maiores causas de má qualidade da água em muitas partes da Europa. Nutrientes (nitrogénio e fósforo) provenientes de fertilizantes, pesticidas, micro-organismos excretados pelo gado e poluentes orgânicos do estrume são levados (e lavados) para hidrovias.

O ambiente urbano é outro contribuinte chave para a poluição da água doce que tem sido observado por toda a Europa. Uma variedade de poluentes são gerados no meio do ambiente urbano, incluindo químicos industriais e domésticos, metais, produtos farmacêuticos, nutrientes, pesticidas e micro-organismos patogénicos.

Escassez de água e modificações físicas afectam os habitats aquáticos
 
A escassez de água ocorre em várias áreas da Europa, particularmente no sul onde recursos de água limitados encontram uma elevada procura. Captação excessiva e períodos de seca resultam frequentemente na redução do fluxo dos rios, baixo nível em lagos e águas subterrâneas e na secagem das zonas húmidas, tendo impactos prejudiciais nos ecossistemas de água doce.
            Captação excessiva pode também piorar a qualidade da água porque há menos água para diluir as descargas poluentes.

O caminho para ecossistemas saudáveis

As medidas de custo-efeito existem para combater a poluição na área da agricultura. Os países devem implementar este tipo de medidas através da Directiva Quadro no Domínio da Água (Water Framework Directive), bem como cumprir com o disposto na Directiva Nitratos. A próxima reforma da Política Agrícola Comum confere também uma oportunidade para fortalecer a protecção da água.

É também considerado vital que os estados-membros cumpram a Directiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1991, relativa ao tratamento das águas residuais urbanas (EU Urban Wastewater Directive); esta deverá ser complementada por ainda outras medidas tais como um aumento de controlo dos poluentes na fonte, redução dos custos de tratamento bem como diminuir o uso de energia. Do mesmo modo, o custo integral do preço para os serviços de águas residuais vai ajudar a incentivar o controlo na fonte.

O consumo de água na Europa não pode aumentar indefinidamente. A procura tem que ser reduzida e são necessárias políticas para alcançar tal objectivo. As medidas podem incluir instrumentos económicos; controlo de perda de água; reutilização da água e reciclagem; aumento da eficiência do uso doméstico, agrícola e industrial; e campanhas de poupança de água suportadas por programas de educação públicos.

No meu entender, parece que a Europa sabe bem quais as medidas que devem ser tomadas, e um dos problemas é que sabe também quais os custos de algumas dessas medidas. Mais do que saber o que fazer, é preciso vontade (e sublinhe-se: vontade económica) para o fazer.

De facto, a Europa tem toda a legislação sobre a água que precisa. O desafio que se coloca actualmente é atingir a execução dessa legislação por toda a Europa. Só assim será possível almejar atingir o tal “bom status” para as águas europeias em 2015.

Fonte: http://www.eea.europa.eu/articles/looking-beneath-the-surface-how

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