domingo, 20 de março de 2011

Catástrofe no Japão – o fim do nuclear e o início de uma nova era?

A

recente catástrofe no Japão originou uma situação de profundo caos, acarretando repercussões desmesuradas, que apenas se revelarão por completo nos próximos anos, porventura décadas. Desde logo a perda de vidas humanas e a crise social, decorrente dos inúmeros “refugiados ambientais”. Em termos económicos e financeiros, basta ter em mente o comportamento dos mercados na última semana i) fazendo o petróleo que estava a subir, face à situação na Líbia, cair a pique pelo facto do Japão ser a terceira maior economia do Mundo e um grande importador do ouro negro ii) levando à queda de 20% do índice Nikkei, em apenas 3 dias iii) penalizando de forma exacerbada as empresas eléctricas que detêm centrais nucleares no seu portefólio, bem como algumas empresas fornecedoras de tecnologia nuclear, cujas acções em bolsa cairam abruptamente. Em termos políticos assistimos a um volte-face em duas dimensões. Primeiramente a nível interno, sendo que o Primeiro-Ministro Naoto Kan (cuja popularidade antes do sismo de dia 11 rondava os 20%) será julgado, para o bem e para o mal, pelas suas futuras medidas. Numa segunda dimensão, a nível internacional, e com fulcral relevância a nível ambiental, assistimos nos últimos dias a uma tomada de posição por parte de diversos países no que concerne ao perigo nuclear, relançando a questão ou o dilema energias renováveis vs. energia nuclear. Com efeito, os 27 membros da UE decidiram no passado dia 15 que irão submeter todas as suas centrais a stress tests (à semelhança da banca), chegando mesmo a recomendar a suspensão de um projecto búlgaro numa zona altamente sísmica da bacia do Danúbio. Na Europa, apenas a Suécia e a Polónia destoam, tendo optado por manter a actual política nuclear. Destaque para a Alemanha, tendo o executivo de Angela Merkel prometido acelerar a transição da energia nuclear para as renováveis. A Venezuela e as Filipinas declararam o abandono de projectos em curso. A China, que alertou a comunidade internacional para a extrema e premente necessidade de se criar um órgão de acção conjunta internacional para casos de catástrofes, anunciou que irá repensar o seu projecto nuclear e inspeccionar todos os seus reactores (de sublinhar que a China tem actualmente 13 centrais e ponderava construir centenas de novas instalações). De modo inverso, não obstante os variadíssimos riscos sísmicos e metereológicos, patentes nos seus territórios, nos últimos dias tanto os EUA como a Indonésia vieram em defesa da opção nuclear.

Em Portugal prosseguirá a aposta nas energias renováveis e a condenação da nuclear. Este é um sector do qual nos podemos orgulhar e que cada vez terá mais preponderância no nosso país.

Fontes:

Semanário Expresso, Edição nº 2003 (19/03/2011), caderno de Economia, pág. 3

Semanário Sol, Edição nº 237 (18/03/2011), pp 22-23 e 56

http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=567&articleID=3447

http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=567&articleID=3445

http://www.greenpeace.org/international/en/campaigns/nuclear/

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