segunda-feira, 28 de março de 2011

Notícia - reacção europeia quanto à central nuclear japonesa

"Após os acontecimentos no Japão Europa preocupada com as suas centrais nucleares"

14.03.2011 - 10:39
Por Agências


"O Comissário Europeu responsável pela pasta energética, Gunther Oettinger, disse hoje que o exemplo japonês mostra que tudo pode acontecer. Paralelamente, a Áustria revelou-se preocupada com a energia nuclear no seio europeu e pediu testes de resistência. “As imagens do Japão”, a braços com uma crise nuclear, “mostram-nos que o pior não é inimaginável” na Europa, estimou hoje o comissário Gunther Oettinger. Enumerando o desenrolar dramático dos acontecimentos - tremor de terra, tsunami, falha energética, aquecimento dos reactores, explosões - Gunther Oettinger indicou numa entrevista à rádio Deutschlandfunk que tudo isso parecia impensável há poucos dias e, porém, acabou por acontecer.


O comissário indicou ainda que quer discutir os riscos potenciais para as centrais nucleares europeias - como catástrofes naturais em geral, atentados, vírus informáticos ou falhas energéticas - numa reunião europeia marcada para amanhã e que irá reunir as autoridades responsáveis pela segurança nuclear e a indústria do sector. Por seu lado, o ministro do Ambiente austríaco, Nikolaus Berlakovich, renovou hoje e Bruxelas o seu pedido de ver organizados testes de resistência nas centrais nucleares europeias, após os acontecimentos no Japão. “Vou pedir hoje a organização de testes de resistência para as centrais nucleares europeias. E isso deverá acontecer depressa”, declarou. “Elas são resistentes aos tremores de terra? Como funcionam os sistemas de arrefecimento dos reactores? Queremos assegurar a população”, que está preocupada com a situação no Japão, acrescentou.


A Áustria, país que se opõe fortemente à energia nuclear, criticou a decisão da vizinha Alemanha, em finais de 2010, de prolongar a vida de 17 reactores nucleares.

Os ecologistas austríacos reclamam também, regulamente, o fecho das centrais na Eslovénia e Eslováquia. A presidência húngara da União Europeia já fez saber, porém, que discorda da organização de uma discussão acerca deste assunto. “Parece-me que o Conselho Ambiental (reunião dos ministros europeus responsáveis por estas questões) não é o local apropriado para uma discussão acerca deste assunto”, declarou o ministro húngaro para o Desenvolvimento Rural, Sandor Fazekas. Os sistemas de arrefecimento de três dos seis reactores da central de Fukushima 1 estão em alerta vermelho. Após diversas operações destinadas a pôr fim a um início de fusão, ocorreram duas explosões nos reactores 1 e 3. As autoridades japonesas já descartaram, porém, qualquer acidente tipo Chernobyl. Suíça suspende os seus projectos de renovação das centrais nucleares
A Suíça anunciou hoje ter suspendido os seus projectos de renovação das centrais nucleares. “A segurança é a prioridade absoluta”, indicou a ministra da Energia, Doris Leuthard, em comunicado. A Suíça tem cinco centrais nucleares (Beznau 1 e 2, Mühleberg, Gösgen e Leibstadt).
Após uma reunião com peritos, Doris Leuthard “decidiu suspender os procedimentos em curso relativos aos pedidos de renovação das centrais nucleares”, indicou o ministério. Esta decisão estará em vigor “até que as normas de segurança sejam vigorosamente reexaminadas e, se necessário, adaptadas”. Doris Leuthard encarregou a inspecção federal de segurança nuclear de analisar as “causas exactas do acidente ocorrido no Japão e tirar daí as suas conclusões”, incluindo, se tal for necessário, a elaboração de “novas normas mais estritas, nomeadamente em matéria de segurança sísmica e de arrefecimento”. "


Mapa de 2008-2009


Breve Comentário:


A verdade é que os acontecimentos no Japão são um espelho do que pode acontecer na Europa a qualquer momento enquanto as centrais nucleares forem uma das formas de produção energética. Tal como o Comissário Europeu afirmou na noticia citada, "mostra tudo o que pode acontecer". Desde que esta notícia foi publicada, a Presidência da UE já manifestou uma mudança de atitude perante esta questão, sendo que muitos dos países europeus que têm centrais activas estão ponderando meios de prevenção e demonstram a mesma preocupação que a Austria (ex. França). Segundo o Jornal de negócios, de 25 de Março, "As centrais nucleares da União Europeia devem ser revistas urgentemente de forma a garantir a segurança, para impedir que aconteça nas instalações europeias aquilo que se verificou na central de Fukushima, no Japão, defendeu hoje o presidente permanente da União Europeia, Herman Van Rompuy. Sobre o mesmo assunto, o presidente Nicolas Sarkozy defendeu hoje que a França vai conduzir testes de stress aos seus reactores nucleares, para avaliar qual o seu grau de segurança. Se os resultados mostrarem que os mesmos não estão em condições de financiamento, serão encerrados." Esta questão das centrais nucleares não é recente, mas mesmo tendo as suas vantagens ("não contribui para o efeito de estufa;não polui o ar com gases de enxofre, nitrogénio, particulados, etc.;não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos espaços para sua instalação; não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem dos ventos);pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera; grande disponibilidade de combustível; é a fonte mais concentrada de geração de energia; a quantidade de resíduos radioactivos gerados é extremamente pequena e compacta;a tecnologia do processo é bastante conhecida; o risco de transporte do combustível é significativamente menor quando comparado ao gás e ao óleo das termoelétricas; não necessita de armazenamento da energia produzida em baterias"**, não deixa de ser uma actividade complexa e mesmo problemática, podendo causar mais danos que vantagens, no caso de alguma coisa correr mal (e não nos esqueçamos das desvantagens da produção nuclear que não são poucas). Parece-me uma atitude correcta a que vemos actualmente nos países europeus. E, apesar de Portugal não ter centrais nucleares, podemos vir a beneficiar de todas estes testes e medidas de protecção, visto que o nosso país vizinho, a Espanha, tem várias centrais e algumas bem perto da nossa fronteira, o que significa que ainda que nós não tenhamos centrais podemos vir a sofrer dos efeitos destas.



Renata Filipa Simões, nº17514, subturma 3



** Fonte: http://energiaeambiente.wordpress.com/2008/02/01/energia-nuclear-vantagens-e-desvantagens/


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=475751

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