quarta-feira, 18 de maio de 2011

UE: pesca ao plástico

“A União Europeia tem um plano para pagamento na actividade piscatória, providenciando um rendimento alternativo aos pescadores que ajudem a retirar plásticos das águas.
A Comissão Europeia tem novos planos e incentivos para a responsabilidade na actividade piscatória. A União Europeia pretende banir a prática de devolver ao mar o peixe morto, numa medida que surge em resultado da campanha de sensibilização televisiva, Fish Fight, lançada no início do ano. Esta posição não foi bem recebida pelos representantes da indústria piscatória que consideram que os prejuízos que acarreta vão excluir muitos pescadores da actividade.
Maria Damanaki, a Comissária Europeia das pescas, anunciou uma nova medida com o objectivo de atenuar os prejuízos da anterior, indicando que os pescadores poderão pescar plástico e obter um rendimento dessa prática. Embora, em alguns contextos, possa parecer uma medida algo disparatada, a ideia é ambientalmente muito importante e urgente para a conservação da biodiversidade, dos recursos piscícolas e para sustentabilidade da actividade piscatória. Os mares estão repletos de plásticos, como garrafas, sacos, fraldas, redes de pesca velhas, cordas e milhares de outros objectos.
O problema dos resíduos de plástico é vertiginosamente crescente. Nos últimos 10 anos produziu-se mais plástico do que se tinha produzido até ao ano de 2000 e a produção continua a crescer a uma taxa de 9% por ano. Em 2008 produziu-se 260 milhoões de toneladas de plástico, utilizando 8% da produção total de petróleo.
Embora a deposição de resíduos plásticos no mar esteja banida desde 1998, dificilmente se consegue fazer cumprir esta medida e as campanhas de limpeza nas praias continuam a reunir quantidades maiores de plástico de ano para ano. Estima-se que cerca de metade dos plásticos depositados se afundem tornando o problema de gestão destes resíduos mais complicado. Dos mares da Europa, o Mar Mediterrânico é o mais afectado com a densidade de 18000 plásticos por quilómetro. Estes plásticos afectam o peixe, as tartarugas ou as aves marinhas que os confundem com alimentos. Os plásticos incluem químicos tóxicos na sua composição, como os retardantes para o fogo, que passam para a cadeia alimentar ou que se acumulam nas águas. Ao longo dos anos os plásticos vão-se fragmentando facilitando as contaminações, e há já locais onde a densidade de fragmentos plásticos é superior ao plâncton. “
Nuno Leitão (16-05-11)
Fonte: Guardian

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