A seca que tem atingido o país fez com que os problemas de poluição no rio Trancão se tornassem mais visíveis, levando muitos habitantes dos concelhos de Loures e de Mafra a questionar os milhões de euros gastos na última década na limpeza desta linha de água. O problema é particularmente preocupante em Bucelas e na Póvoa da Galega, onde o rio corre negro e exala um cheiro fétido, devido às descargas industriais ilegais.
O caso não é novo, mas o facto de neste Inverno os níveis de precipitação serem mínimos faz com que essas descargas se tornem mais visíveis. "O Trancão é um rio de regime torrencial, o que significa que o caudal está dependente dos níveis de precipitação", explica Carlos Martins, administrador dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Loures e Odivelas.
De acordo com este responsável, as fontes poluidoras são indústrias sediadas no vizinho concelho de Mafra e estão "perfeitamente identificadas". Em Junho do ano passado, a Câmara de Loures denunciou a situação a várias entidades (Inspecção Geral do Ambiente, CCDRTLVT e Inag), mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
Fonte da Câmara de Mafra esclareceu que a autarquia não tem qualquer competência fiscalizadora, apenas podendo apresentar denúncia quando é conhecedora das situações.
Embora "não queira ser alarmista", Carlos Martins refere que "do ponto de vista da saúde pública, isto não auguira nada de bom". Isto porque muitos agricultores utilizam a água do rio para regar as hortas. "As autoridades de saúde pública deveriam ter alguma atenção ao problema", alerta.
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